A saúde corporativa se tornou uma preocupação constante entre os gestores de Recursos Humanos e diretores de empresas. Os reajustes nos planos de saúde empresariais aumentam ano após ano, e tirar o benefício do colaborador não é uma alternativa viável. Por outro lado, as doenças crônicas seguem avançando.
Buscar uma solução para reduzir os custos com saúde sem impactar na oferta do benefício é um desafio que precisa ser vencido. A solução está em gerenciar a saúde corporativa de forma estratégica, diminuindo o uso do plano de saúde e proporcionando uma qualidade de vida melhor ao profissional. Neste artigo, mostramos por onde você deve começar. Confira!
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Saúde corporativa e os custos para as empresas
O plano de saúde empresarial vem sofrendo reajustes consideráveis nos últimos anos. Em 2017, o aumento foi de 17%. No ano seguinte, as empresas tiveram que lidar com um reajuste de 19%. A modalidade representa 67% do setor de planos de saúde e é responsável pela segunda maior despesa da folha de pagamento das empresas.
A justificativa das operadoras para reajustes tão abusivos está no uso de novas tecnologias, no envelhecimento da população e no uso excessivo do convênio médico, entre outras razões. Os mesmos custos são gerados para os planos de saúde individuais. Porém, nesse caso, o reajuste para o ano de 2017 foi de 10% apenas.
Se a justificativa é verdadeira ou não, as empresas não podem travar uma guerra contra os planos de saúde na esperança de reduzir a porcentagem nos reajustes. A estratégia deve ser a de reduzir as suas causas.
Evitar que a população envelheça e impedir que novas tecnologias surjam não são alternativas possíveis. O caminho é buscar reduzir o uso do plano de saúde.
O estudo Evidências de práticas fraudulentas em sistemas de saúde internacionais e no Brasil, realizado pelo IESS, mostra como algumas práticas desnecessárias e até fraudulentas podem impactar nos custos de saúde.
De acordo com o documento, as operadoras de planos de saúde são beneficiadas sempre que os pacientes são orientados a realizar procedimentos e exames desnecessários.
Dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) revelam que os médicos que atendem planos de saúde no Brasil são os que mais solicitam exames, quando comparado com profissionais de países desenvolvidos.
Em dois anos, o número de pedidos aumentou 22%. A ANS desconfia que muitas solicitações são feitas de forma indevida. As razões para isso podem estar relacionadas com as falhas na formação médica, interesses financeiros de hospitais e laboratórios e má remuneração por parte das operadoras aos prestadores de serviço.
As empresas acabam ficando como reféns dos planos de saúde, tendo que arcar com custos altíssimos e que nem sempre são necessários. O caminho é evitar que os colaboradores utilizem esse serviço, mas como isso é possível se a população está cada vez mais doente?
Os brasileiros estão mais doentes
Apesar de pipocarem iniciativas voltadas para a saúde e do aumento do interesse dos brasileiros em práticas como a corrida de rua, por exemplo, de forma geral, a população está cada vez mais doente. Há uma epidemia de obesidade que atinge quase 20% da população.
Especialistas atribuem esse problema às mudanças no padrão alimentar dos brasileiros. Alimentos ultraprocessados e ricos em gorduras saturadas estão cada vez mais presentes na dieta da população.
Acompanhando o crescimento da obesidade está a diabetes, doença que atinge 12,5 milhões de brasileiros. Nosso país é o quarto com o maior número de diabéticos no mundo, segundo o IDF (International Diabetes Federation).
Por falar em rankings, quando o assunto é sedentarismo, o Brasil é o líder da América Latina. Sendo que a região é a que apresenta o maior índice de pessoas que não praticam atividades físicas de forma suficiente para serem saudáveis.
Isso sem falar na saúde mental e as doenças psicossomáticas, que afastam os colaboradores de suas atividades profissionais. Em 2016, o registro foi de 75,3 mil trabalhadores afastados em decorrência da depressão.
Quando o assunto é saúde, a situação dos brasileiros não é das melhores, poderíamos citar mais uma lista de doenças crônicas que afetam a população do país. Os resultados são refletidos não só nos custos de saúde corporativa, mas também no engajamento e nos resultados que os profissionais apresentam para suas empresas.
Um colaborador que não é saudável tem três dias a menos de produtividade ao mês. O profissional já acorda cansado, sem motivação e não consegue dar o seu máximo durante todo o dia. Com isso, tem mais chances de aumentar seus níveis de estresse e se sentir insatisfeito com a sua rotina.
Profissionais saudáveis são mais rentáveis
A produtividade de um profissional está diretamente ligada ao seu bem-estar e a sua saúde. Não é muito difícil de identificar isso. Quando surge uma dor de cabeça no meio do expediente, é fácil deduzir que o colaborador não consegue realizar suas atividades com total dedicação. Agora, substitua a dor de cabeça por um quadro de obesidade, sedentarismo, diabetes, depressão e obtenha resultados semelhantes.
A alimentação e o bem-estar são fatores que exercem grande influência sobre a motivação e a produtividade dos colaboradores. Uma pesquisa realizada pela Health Enhancement Research revelou que colaboradores que se alimentam de forma saudável apresentam um desempenho 25% superior do que a média.
Além disso, aqueles que comem cinco porções de frutas e vegetais pelo menos quatro vezes por semana tendem a ser 20% mais produtivos. A prática de exercícios com regularidade somada a uma alimentação saudável reduz as faltas em 27% e aumentam o desempenho em 11%.
A felicidade também é um fator de estímulo para a produtividade. Em sua pesquisa para a Universidade de Warwick, no Reino Unido, o especialista Andrew Oswald apontou que colaboradores felizes são 12% mais produtivos. Outra pesquisadora, dessa vez da Universidade da Califórnia (EUA), afirma que profissionais satisfeitos são capazes de aumentar as vendas da companhia em 37%.
Algumas empresas já perceberam que a saúde, o bem-estar e a felicidade são fatores que beneficiam não só o colaborador, mas também seus próprios resultados. Quem mostra isso é o relatório Tendências Globais de Capital Humano de 2018, da consultoria Deloitte, que entrevistou alguns executivos. De acordo com o relatório:
- 43% das empresas acreditam que o investimento em programas de bem-estar ajudam a reforçar sua missão e visão;
- 61% dos executivos acreditam que esses programas ajudam a reter colaboradores;
- 61% acreditam que os programas de bem-estar melhoram a produtividade e os resultados financeiros da empresa;
- 92% dos executivos entrevistados acreditam que a atenção com o bem-estar é importante para as atividades profissionais do futuro.
Os benefícios do investimento em saúde e qualidade de vida também são notados no orçamento da empresa.
O relatório “Promoting Health and Wellness in the Workplace: A Unique Opportunity to Establish Primary and Extended Secondary Cardiovascular Risk Reduction Programs” reuniu uma série de evidências que mostram a eficácia dos programas de saúde e bem-estar no local de trabalho.
Entre os principais dados apresentados no documento estão o retorno financeiro para a empresa, onde foi possível:
- Reduzir os custos de saúde em 26%;
- Reduzir os custos de indenização em 30%;
- Diminuir os custos médicos em US $ 3,27 para cada dólar gasto em saúde e bem-estar.
Alcançar esses resultados, porém, só é possível se a empresa contar com uma gestão estratégica da saúde corporativa. Para isso, é necessário investir em ações capazes de promover uma melhor qualidade de vida.
Como fazer uma gestão estratégica da saúde corporativa
A gestão estratégica da saúde corporativa não quer dizer que a empresa não terá mais esse custo, mas sim que o investimento será feito de forma que ofereça resultados positivos. Isso será possível se a empresa possibilitar ao colaborador:
- Ter uma alimentação mais saudável;
- Reduzir os picos de estresse;
- Tornar suas noites de sono tranquilas;
- Praticar atividades físicas com regularidade;
- Cuidar da saúde primária e evitar o desenvolvimento de doenças;
- Controlar o peso de forma saudável;
- Sentir-se cuidado pela empresa;
- Ter acesso a uma cultura organizacional humanizada.
Será necessário desenvolver um programa interno. A companhia deve avaliar e identificar quais são seus maiores custos de saúde e quais métodos podem ser utilizados para diminuí-los. Além disso, deve-se fazer uma análise ergonômica do ambiente com o objetivo de observar aspectos como:
- mobília;
- transporte e levantamento de carga;
- organização do trabalho;
- equipamentos;
- níveis de ruído;
- iluminação;
- conforto térmico;
- temperatura, umidade e velocidade do ar-condicionado.
Outro fator importante é o cuidado com a segurança, a fim de garantir que as atividades estão sendo realizadas sem oferecer riscos.
Para tornar a rotina do colaborador mais agradável e feliz, a empresa deve investir em programas de qualidade de vida, levando o profissional a se sentir estimulado e disposto para lidar com o trabalho.
Alguns profissionais sabem que precisam ter rotinas mais saudáveis, mas como motivá-los a sair da inércia?
Os colaboradores precisam ter uma motivação para participar desses programas, que podem ser a vontade de competir, o incentivo dos companheiros, o interesse em uma recompensa e até a percepção de que precisam melhorar a própria rotina.
Conscientizá-los sobre a importância do cuidado com a saúde é o primeiro passo que a empresa deve dar. Os colaboradores devem entender a necessidade e a importância de cuidar da própria saúde, não só para ter um dia de trabalho mais produtivo, mas principalmente para conseguir aproveitar melhor a vida fora da empresa.
Nesse processo, alguns profissionais responderão de forma rápida e animada, enquanto outros podem ser resistentes ou não demonstrar interesse. Esse será mais um desafio que a empresa deverá enfrentar, veja como motivar os funcionários com essas dicas.
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